Wylla Gatinha

Eu sou a Wylla Gatinha. Sou metade WGatinhos e metade Petetecos. Já vou explicar. Fui abandonada muito pequena, mas muito pequena mesmo! E muito doente também. Tinha esporotricose e já estava com o meu nariz muito machucado, com feridas pelo corpo todo. Muito fraquinha. Aí, fui resgatada pela Tia Kika da 4Patinhas. Ela me batizou de Sofia e me levou no médico, fez um monte de exames e começou a cuidar de mim. Mas eu não podia ficar naquela gaiola na clínica até ficar boa. Ia demorar muito tempo e eu pequenininha daquele jeito precisava de atenção, cuidado e carinho. Foi aí que a Tia Kika arrumou uma casa para eu ficar, um lar temporário. Lá eu ia ter o cuidado que eu precisava até ficar boa e poder encontrar uma mãe.
Quando eu cheguei lá estava muito assutada e cansada, mas aí eu ganhei uma cama quentinha, um quarto silencioso, sem nenhum cachorro latindo do meu lado e eu consegui relaxar. Nem lembrava quando tinha sido a última vez que pude dormir tranquila, sem precisar sair correndo para me defender de algum perigo na rua ou sem ficar com medo do barulho dos cachorros que estavam internados na clínica.
Dormi um dia inteiro!
Aí, a dona da casa, que ia cuidar de mim, começou a ficar preocupada por que eu não acordava. E quando ela achou que eu já tinha dormido demais começou a me acordar para me dar comida. Mas eu não queria nada, só queria dormir. Eu falava isso para ela, mas ela não entendia e toda hora vinha com uma comida diferente. Veio com patê, leite, uma papinha, sopa até que ela trouxe sachê e eu resolvi comer para ela me deixar dormir de novo!
Pronto consegui! Dormi mais um tantão de tempo, aí quando acordei minha barriga estava roncando de fome e eu comecei a gritar, logo ganhei mais sachê. Eu comia tudo que colocavam no meu pratinho. Aí, o sachê começou a vir misturado com ração e eu comia tudo! Também ganhava umas bolinhas brancas na minha boca, era o remédio para a esporotricose.
Comia tudo e tomava o remédio bem direitinho. Em alguns dias comecei a me sentir melhor, mais forte. Aí, comecei a poder sair do quarto e pegar sol. Aí, que delícia!
Então eu comecei a pensar que aquele lugar era muito maneiro e comecei a gostar muito da pessoa que me dava comida e remédio. Ela também me pegava no colo e falava baixinho "você vai ficar boa, viu?". Brincava comigo, me ensinou um monte de coisa. Me deu  um ratinho e uma bolinha.E eu comecei a gostar dela.
Um dia veio uma moça me visitar. Disse que eu era linda e que eu ia ficar boa. Trouxe um monte de comida gostosa e brinquedos novos. Caramba, minha sorte mudou mesmo! Agora eu tenho duas pessoas falando que eu sou linda e que eu vou ficar boa, duas pessoas brincando comigo, me dando comida. Aí eu comecei a me sentir muito feliz e sortuda!
Nesse tempo acharam que eu era menino, só por causa de duas manchinhas cinzas que eu tenho. Agora vê pode? Aí fiquei sendo Soso, depois Sam,  e quando viram que era só uma manchinha, virei Sofia de nova, mas eu já tinha uma mãe nova e não sabia, e ela me batizou de Wylla.
Teve uma época que eu enjoei daquela comida e só queria comer atum. Virei Wylla Barriga de atum. Comia uma lata inteira sozinha de uma vez!
O tempo foi passando e eu fui ficando forte, um dia ouvi um papo de como eu estava linda, ficando boa, e que logo eu poderia ir par adoção. Como assim??? Eu ia sair dali? Nananinanão! Fiquei doente! Tive uma crise de bronquite. E toda vez que falavam que eu estava linda e ia para a "casa nova", eu ficava doente, bem doente. Assustava todo mundo e logo paravam com aquele assunto. E foi assim que eu tive calicevirose, piometra e rinotraqueíte. Fique mal muitas vezes, mas depois ficava boa de novo.
Mas antes de ter esse montão de coisas eu descobri que na casa que eu morava tinha mais um monte de outros gatinhos e eles moravam do outro lado da porta, então eu resolvi que ia ficar com eles, claro! Aprontei muita confusão, até que eu consegui. Fugia toda hora para a sala. E quando me trancavam no quarto eu gritava com toda a força dos meus pulmões!
Minha estratégia deu certo e eu comecei a ficar solta na casa toda. Era uma maravilha! Descobri que podia pegar sol na janela, dormir no sofá, brincar com mais um monte de gente e dormir numa camona grande!
Nessa altura eu já tinha uma mãe no meu coração e por isso não queria ir embora. Mas eu ficava na dúvida, já que eu tinha uma outra mãe também no meu coração. Lembra da moça que veio trazer aquele montão de comida que eu contei lá em cima? Então, é a minha mãe Samantha. Ela se apaixonou por mim desde o primeiro dia e vinha me ver toda semana. Trazia comida, brinquedo e brincava comigo. Ela e ficou muito amiga da minha outra a mãe, a dona da casa, a minha mãe Stela. Então eu sempre tive duas mães e nem sabia direito. Quando elas falavam de adoção, de casa nova, era para eu ir morar na casa da minha mãe Samantha, mas eu só entendi isso depois. Eu tinha medo, né? Já tinham me jogado fora uma vez, vai que acontece de novo? Não podia deixar!
E também eu já gostava dos meus irmãos. Eu tinha com quem brincar, eles eram meus amigos. Quando eu operei de piometra, o Mel dormiu junto comigo dentro da caixinha, só para me fazer companhia. Estava gostando muito daquela família.
Um dia a minha mãe falou que eu não ia mais embora, que eu ia ficar aqui com os meus irmãos, mas que eu não ia ser uma gatinha como as outras, eu ia ter duas mães de verdade. Minha mãe Samantha escolheu o meu nome Wylla, para combinar com o nome dos meu irmão Woody e colocou o nome Gatinha por causa da família WGatinhos. E minha mãe Stela me deu o nome da minha outra família.
Hoje eu sou Wylla Gatinha Petetecos Martins. A gatinha que não tinha nariz, que foi jogada fora doente, que quase morreu muitas vezes! Hoje sou forte, estou saudável. Mostrei para todo mundo que não se pode desistir de uma vida por menor que ela seja! Por mais que pareça que a batalha está perdida.
Sou tão sortuda que tenho duas mães, três irmãs e oito irmãos. Sou o elo de ligação das duas famílias.
Por minha causa as minhas mães se conheceram e ficaram amigas!
E eu sou a terceira Peteteca da família!
E sou uma gatinha de muita sorte! Um gatinho ganhar uma mãe depois que foi abandonado já é uma sorte na vida, ganhar duas mães e duas mães que me amam muito, eu sou mesmo a menina mais sortuda do universo!

Um comentário:

Jussara disse...

Linda história, Wylla! Assim como você!